Campo Grande (MS) – Para fortalecer e ampliar a representação das mulheres nos executivos e legislativos municipais e considerando que 2016 é um ano eleitoral, foi aberto nessa terça-feira (26), às 14 horas, o “Seminário Estadual “Gênero, Políticas Públicas e Participação Política”. A subsecretaria de Políticas Públicas para Mulheres, Luciana Azambuja Roca, ressaltou a participação de mais mulheres para ocuparem cargos de destaques na política, “precisamos avançar e fortalecer os organismos de políticas para mulheres, a fim de incentivar uma maior participação no cenário político do País”, descreveu Luciana. O evento acontece no Hotel Buriti, na Rua Antônio Maria Coelho, 2.301 até quinta-feira (27).
Financiado pela Secretaria Especial de Políticas para Mulheres do Ministério das Mulheres, Igualdade Racial, Direitos Humanos e Juventude, com execução da Universidade Federal Fluminense (UFF), o seminário é voltado para mulheres que representem lideranças partidárias, lideranças de movimentos de mulheres e movimentos feministas e gestoras públicas.
Para a Ruth Dueck, economista e representando a Universidade Federal Fluminense (UFF), o debate é enriquecedor pela relevância do tema e por Mato Grosso do Sul ter mais de 50% dos votos de mulheres, entretanto, um pequeno número de mulheres ocupam cargos políticos. “Aqui no Estado percebo que mais da metade da população são de mulheres que votam, porém há uma participação muito pequena dessas mulheres frente ao legislativo e executivo. Isso comprova que mulher não vota em mulher. Precisamos mudar essa realidade e estimular que cada dia mais mulheres sejam detentoras de poder. O Brasil em relação a América do Sul, está em último lugar de mulheres que estão na política. Por isso, esse debate deve ser multiplicado, é esse o compromisso que quero de todas vocês”, reforçou Ruth.
Campo Grande foi escolhida entre as 14 capitais que sediarão o encontro, pela importância das políticas públicas implementadas no estado e o reconhecimento por parte do governo federal. Após o lançamento da plataforma – Mais Mulheres no Poder: Eu assumo esse compromisso-, serão realizados diálogos sobre discriminação e desigualdades de gênero, participação política da mulher no Brasil, políticas municipais existentes, o papel da vereadora e estratégias para campanha, visando incentivar mulheres a serem candidatas e a participarem da construção político-partidária em seus municípios.
Esse tema de mulheres no poder já está sendo discutido em MS desde as Conferências Municipais e na Conferência Estadual de Políticas para Mulheres ocorrida em novembro de 2015, que teve como tema: Mais Direitos, Participação e Poder para as Mulheres. O Plano Estadual de Políticas Públicas para Mulheres de Mato Grosso do Sul tem um eixo específico que dispõe sobre a participação e fortalecimento das mulheres nos espaços de poder e decisão, na linha do direcionamento da política nacional.
Todos os debates dos encontros realizados pela Secretaria de Políticas Públicas para Mulheres, motivaram a discussão e ampliação da representação feminina em cargos eletivos, promovendo o debate na sociedade e qualificando mulheres para que se apresentem como opções viáveis dentro dos partidos.
Representando “As vozes das mulheres indígenas”, a índia Susiê Guarani, falou da dificuldade do seu povo em ingressar na carreira política. “Ainda existe muito preconceito dentro do povo indígena para que mulheres que ocupam cargos de poder. Temos uma cultura machista e muitos ainda acreditam que as mulheres são incapazes de ocupar um cargo de destaque. Minha mãe, Marta Guarani, foi candidata por duas vezes, sofreu preconceitos, porém soube enfrentar a situação e se tornou uma grande liderança em nosso Estado”, destacou Susiê.
Homenagem
Grande líder na comunidade indígena, Marta Guarani foi lembrada hoje durante o Seminário pela homenagem póstuma que recebeu na manhã desta terça-feira (26), onde seu busto juntamente com o busto de Marçal de Souza, seu primo e outro líder indígena, foram expostos no Parque das Nações Indígenas. Marta da Silva Vito (Marta Guarani) nasceu em 29 de julho de 1942 na aldeia Jaguapiru, em Dourados. As principais lutas giraram em torno da demarcação de terras indígenas, do reconhecimento da dignidade do povo indígena e do combate à opressão de índios e índias. Mudou-se para Campo Grande em 1975 e conseguiu feitos importantes, como a criação da Delegacia Regional da Funai em Amambaí e a fundação da Associação Kaguateca, buscando a unificação dos povos indígenas do Mato Grosso do Sul e o agrupamento das nações Kadiwéu, Guarani, Terena e Caiuá.
MS
Em Mato Grosso do Sul a mulher é sub-representada em cargos do legislativo por uma deputada federal (total de 8 eleitos), três deputadas estaduais (total de 24 cadeiras) e três vereadoras na Câmara Legislativa da Capital do Estado (total 29 parlamentares). Considerando os 79 municípios do Estado, são apenas oito mulheres prefeitas e 17 vice-prefeitas.
Participam do Seminário vereadoras, lideranças de mulheres indígenas e de mulheres negras, gestoras municipais, lideranças de classes, entre outras.
Solange Mori (Assessoria da Sedhast)
Fotos: Solange Mori e Edemir Rodrigues