Campo Grande (MS) – Com mais de 80 anos de existência e reunindo 57 famílias, a Comunidade Quilombola Chácara Buriti, tradicionalmente voltada para o cultivo da agricultura familiar, a partir de 2017 irá também desenvolver atividades de panificação. Em conversa na manhã desta quarta-feira (14) com líderes da comunidade, Carlos Versoza, titular da Subsecretaria de Políticas Públicas para Promoção da Igualdade Racial e Cidadania (Subpirc), ressaltou que irá buscar parceiros no Governo do Estado para fortalecer as atividades locais e ainda resolver as demandas.
“Com esse projeto de panificação financiado pela Fundação Banco do Brasil aqui na comunidade, iremos agora buscar parcerias em órgãos do estado, como a Fundação de Trabalho (Funtrab), para que cursos na área e o desenvolvimento da economia local possam ser alavancados, além de olharmos para as demais demandas aqui observadas, como a falta de uma Caixa Postal própria e a necessidade de fortalecimento do escoamento da produção”, disse o subsecretário, destacando também a parceria já existente com a Agência de Desenvolvimento Agrário e Extensão Rural (Agraer) que dá apoio técnico para os agricultores locais.
Presidente da Associação da Comunidade Negra Rural Quilombola Chácara Buriti, Lucineia Domingos comemora a ampliação das atividades e um fortalecimento das pessoas e da identidade local. “Sempre fomos fortes na agricultura, mas precisávamos de uma atividade voltada para nossas mulheres. Agora, com a vinda da panificação, poderemos trabalhar mais e ainda melhorar a renda de nossas famílias e da comunidade”, disse. Aproximadamente 20 mulheres estarão envolvidas no funcionamento da panificação, com foco em produtos diferenciados, como os pães integrais.
Ainda no encontro a presidente da comunidade recebeu da acadêmica de serviço social da Uniderp, Angela Vanessa, a proposta de projeto a ser implantado na comunidade na área de oficina de turbantes. “Além de ser algo da beleza da mulher é um ponto de partida para discutirmos outros assuntos e também tratarmos do empoderamento da mulher negra” ressaltou a estudante.
Apesar de algumas dificuldades enfrentadas no local, como o problema de escoamento da produção e a busca de atividades de lazer para os jovens, Lucineia ressalta as parcerias positivas. “Com o apoio da Subpirc (pasta ligada à Secretaria de Estado de Direitos Humanos, Assistência Social e Trabalho – Sedhast), via Governo do Estado, estamos conseguindo resolver demandas antigas e ainda temos perspectivas de melhorias futuras, fazendo daqui um lugar ainda melhor para se viver”, finalizou.
Chácara Buriti – Margeando a BR-163, próxima ao distrito de Anhaduí, a Comunidade Chácara Buriti, existe há 86 anos, mas somente em 2005 recebeu a certificação da Fundação Palmares de seus 43 hectares, conforme a presidente da associação. A atividade agrícola é predominante, com o plantio de alface, repolho, cebolinha e legumes que são vendidos para supermercados e uma pequena parte para a merenda escolar.
Texto e fotos: Leomar Alves Rosa, assessoria Sedhast